(Postado originalmente 14 de maio de 2011 no DreamSpace)
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar de diversos músicos excelentes que possuem carreira solo, como Joe Satriani, Kenny G, Richard Clayderman, etc. No mundo dos games também existem grandes ícones que trabalham sozinhos, e é exatamente sobre um pouco disso que eu falarei nessa postagem.
As músicas dos games foram muito admiradas quando surgiram os games de 8bits, pois até então as músicas eram monofônicas e 4 canais de áudio era algo considerado de outro mundo. Muitas pessoas têm preconceito contra músicas de games, simplesmente por serem de games (por causa do característico timbre MIDI, que denuncia o realismo do som e as torna artificiais) ou talvez por fugirem do padrão e não terem vocal.
Porém o que eu achava incrível era na época dos celulares (com toque polifônico MIDI) de antes da era MP3, onde muitas pessoas que repudiavam VGmusic vibravam com os toques polifônicos MIDI. Engraçado... Se o problema era realmente apenas contra o timbre dos instrumentos, então já não há mais tal problema. Na minha opinião, fazer VGMusic NAQUELA ÉPOCA era um desafio, pois com apenas 4 canais de som, 3 com timbres exatamente iguais e um com "chiados", o compositor tinha que se desdobrar pra representar sua obra.
Mas existe um raciocínio óbvio em tudo isso. Se pararmos pra pensar, todas as músicas que habitam os cartuchos precisaram ser compostas inicialmente no piano ou no violão por um compositor profissional, o que os tornam verdadeiros heróis em ter sabido usar um hardware tão limitado pra se expressar. Creio que muitos deles devem ter tido idéias originais com orquestras enormes, simplificar algumas dessas idéias não deve ter sido lá muito fácil...
Cito aqui quatro nomes de verdadeiros heróis na VGMusic
Michiru Yamane, admirada por muitos por suas trilhas eruditas e com atmosfera gótica
Michiru Yamane - The Prayer for a Tragic Queen (Castlevania Bloodlines) Mega Drive
Yuzo Koshiro é bem conhecido por seus ritmos frenéticos e dançantes
Yuzo Koshiro - Over the Bay (Revenge of Shinobi) Mega Drive
Tokuhiko Uwabo é totalmente versátil, suas obras variam bastante, ruleia no mundo dos 8 bits
Tokuhiko Uwabo - Dragon Boss (Castle of Illusion) Master System
Dave Wise, também bastante versátil, tem obras bastante animadas e tem ênfase com uso de samples
Dave Wise - Simian Segue (Donkey Kong Country) Super Nintendo
...e muitos outros.
Hoje em dia as músicas dos games são produzidas da mesma forma que um álbum de um cantor. Tudo é feito no estúdio, gravado e depois inserido no game, o que na verdade dificultou o trabalho ao invéz de poupá-lo, mas traz melhores resultados no quesito qualidade. Porém infelizmente está acabando com a magia dessa habilidade dos "maestros milagreiros", salvo alguns jogos de determinados consoles, como a série Castlevania no Nintendo DS, por exemplo.
Hehehe, apesar de tudo, revivemos boas épocas fazendo esse tipo de som. É por essas e outras que alguns de nós que tocamos algum instrumento sentimos vontade de nos expressarmos homenageando essas obras de arte. Elas, que fizeram parte de nossa infância e que como uma chama, continuam acesas até hoje em nossos corações e nossas mentes. Muitos Dee Jays ainda usam a onda quadrada em suas composições, tanto em fraseados originais quanto até mesmo satirizando alguma característica gamer, isso é interessante.
BT-IMA - Tripping The Light Fantastic (o trecho começa aos 3:37)
Funk brasileiro com música do brick game (Não sou muito fã de funk carioca, mas até que nesse exemplo souberam aproveitar uma batida com algo legal rsrs) o trecho começa aos 32 segundos (salve sua vida e não ouça antes desses 32 segundos. rsrs, brincadeira)
Fernandinho - Sede de Justiça (evangélica) Nem as evangélicas foram poupadas hehe Nessa música o square está bem sutil, mas com boa atenção é facilmente notado. O trecho começa aos 1:17
É isso aí galera, um grande abraço e até a próxima postagem.
